Acrobata sem pernas
descobre que a grande inspiração na vida é sua irmã
Jen Bricker, acrobata
americana que atua sem as pernas, fica sabendo anos depois que seu maior ídolo
que admirava pela TV, a ginasta Dominique Monceau, era sua irmã.
A
incrível história da acrobata que descobriu ser irmã de ginasta que a inspirou.
Já imaginou ter um ídolo e descobrir anos depois que é seu irmão biológico? O
conto de fadas da vida real aconteceu nos Estados Unidos. A incrível história
da menina que nasceu sem as duas pernas, queria ser ginasta olímpica e tinha
como ídolo no esporte uma irmã de sangue. Só não sabia que esse ídolo era sua
irmã. Jennifer Bricker nasceu no dia 1 de outubro de 1987 em Chicago, Illinois,
e foi abandonada pelos pais biológicos. Três meses depois, foi adotada por
Sharon e Gerald Bricker, pais de mais três meninos.
- Todo mundo celebrou quando meus pais me adotaram. Todo
mundo me viu crescer, era uma cidade pequena de Illinois… Nunca sofri bullying,
nada disso. E eu no fundo sabia e hoje eu vejo como Deus me protegeu como
criança, e durante toda a minha vida, para que eu pudesse ser quem eu sou hoje
– lembrou Jen Bricker.
Jen foi
criada na companhia praticou todo tipo de esporte na infância, beisebol,
futebol e até basquete. Os pais sempre a motivaram a fazer tudo o que
desejasse, como por exemplo, competir na ginástica.
Pela
televisão, a menina se encantou com o equilíbrio, força e talento de ginastas
do mundo inteiro. Aos 11 anos, Jen participou pela primeira vez de um
campeonato de tumbling, disciplina em que a atleta realiza piruetas e mortais
em uma pista de 25 metros. Mesmo competindo com meninas que possuíam todos os
membros do corpo, Jen Bricker conquistava medalhas.
- Todo
esporte que eu pratiquei eu queria ter certeza que não tinha tratamento
especial, nenhuma vantagem, eu queria ter certeza de que se eu queria um
troféu, ou chegar a algum lugar, porque eu merecia, ponto – Jen.
A grande
inspiração no esporte era a ginasta Dominique Moceanu. A atleta foi a mais
jovem a competir pelos Estados Unidos em uma Olimpíada. Em 1996, Moceanu
conquistou o ouro com o emblemático time das “incríveis sete”, nos Jogos de
Atlanta.
- Eu lembro
que pensei: "Uau, ela faz acrobacia, eu faço acrobacia, e a gente era
parecida". Não havia ninguém com tanta coisa em comum – disse a jovem
acrobata.
E foi
assistindo a Olimpíada pela TV que a família da Jen Bricker descobriu algo
inimaginável. A transmissão do evento mostrou o público e então apareceram os
pais de Dominique: Dimitri e Carmelia Moceanu. A mãe de Jen achou os nomes
familiares e foi procurar os documentos da adoção. E confirmou: Eram Dimitri e
Carmelia são os pais biológicos de Jen. Logo, elas são irmãs.
Sharon e
Gerald Bricker não contaram a Jen sobre a descoberta. Somente oito anos depois
ela pediu para saber o seu sobrenome biológico. E aí veio a surpresa.
- Minha mãe
me disse: "Bom, você nunca vai acreditar mas seu sobrenome é
Moceanu". E claro, não é um sobrenome comum. E aí entendi o que isso
significava, que se meu sobrenome era Moceanu, Dominique era minha irmã. Estava
tentando processar mas em um nível profundo aquilo fazia sentido pelas coisas
que eu contei mas era tao difícil de acreditar. E ai eu fiquei animada, na
mesma hora! (risos) – lembra feliz Jen Bricker.
A
descoberta foi em 2004, mas o encontro com a irmã demorou. Jen Bricker primeiro
contratou um detetive, que conseguiu localizar seus pais biológicos. Por
telefone, O pai, Dimitri admitiu a adoção, mas desapareceu. Na investigação,
Jen também conseguiu o endereço da irmã, mas esperou quase quatro anos para
escrever uma carta para Dominique, se apresentando e explicando toda a
história.
A então
campeã olímpica que morava em Cleveland, Dominique Moceanu, percebeu desde o
início que tratava-se realmente de sua irmã. Pelas fotos enviadas juntas à
carta, era possível perceber a impressionante semelhança entre Jen e Cristina,
sua irmã mais nova.
- Aí liguei
para a minha mãe, para confirmar a verdade. E ela disse que “sim.”. A partir
disso, tive a certeza de que essa pessoa realmente minha irmã – lembrou
Dominique. Alguns dias
depois, foi a vez de Dominique procurar a nova irmã. A campeã olímpica ligou
para Jen e somente neste momento, descobriu que ela não tinha as pernas.
- Preferi
não contar pela carta. Pelo telefone, eu tinha acabado de mencionar a
quantidade de esportes que eu praticava, inclusive acrobacias, e eu tinha
começado a fazer apresentações como acrobata aérea, e aí eu disse que não tinha
as pernas. Nesse momento, percebei que ela ficou impressionada: “Como era
possível isso (ser acrobata sem as pernas)? Que garota eh essa?” (risos) – se
diverte Jen Bricker.
O conto de
fadas teve seu final feliz alguns meses depois da ligação. O esperado encontro
entre Jennifer e Dominique aconteceu na casa da ginasta, em Cleveland.
Desde se
falam frequentemente, e escreveram essa incrível história em suas biografias.
Hoje, Jen
Bricker se apresenta pelo mundo todo como acrobata profissional, com a torcida
de sua maior fonte de inspiração: No primeiro momento ídolo, agora irmã.
- Imagine!
Eu, ginasta, descubro que tenho uma irmã sem pernas e que queria ser ginasta
justamente porque amava me ver competir. E somos irmãs! Isso é incrível,
ninguém em Hollywood escreveria melhor – disse Dominique.
O talento
da acrobata surpreendeu até mesmo aqueles acostumados a ver todos os dias
apresentações espetaculares. A campeã olímpica Dominique Moceanu, ouro em 1996,
nunca havia visto nada parecido.
- Eu nunca
vi ninguém fazendo aquilo tudo sem as pernas! Em toda minha carreira na
ginástica, nunca vi fazerem piruetas sem pernas! Nunca nem pensei nisso! É tão
único, e é ótimo. Ela encontrou um jeito de fazer o que gosta e isso muito
inspirador – disse Dominique Moceanu.
Hoje, as
irmãs tentam recuperar o tempo perdido. Se falam constantemente por mensagens e
ligações por telefone. Como Jennifer mora em Los Angeles, na Califórnia, e
Dominique mora em Cleveland, Ohio, as irmãs tentam se ver pelo menos uma vez
por ano. Antes a menina sem pernas de Cleveland tinha como grande ídolo uma
campeã olímpica. De fã, passou também a ser admirada por sua maior inspiração.
E agora, tudo em família.
Por Joanna de Assis e Camilo Pinheiro Machado, Cleveland,
Estados Unidos
08/03/2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário